TROCAMOS A FELICIDADE PELA SEGURANÇA
No Livro O Mal Está na Civilização logo nos primeiros parágrafos, Sigmund Freud tenta compreender o fenômeno espiritual chamado de “sentimento oceânico” – o sentido de infinitude e unidade sentida entre o ego e o mundo exterior, o trecho que diz "de fato, o homem primitivo estava em situação melhor, pois não conhecia restrições ao instinto. Em compensação era a mínima a segurança de desfrutar essa felicidade por muito tempo. O homem civilizado trocou um tanto de felicidade por um tanto de segurança" me chama a atenção no momento que ouço a sirene da polícia em disparada no meu bairro, a Liberdade, periferia de São Luis e talvez a maior concentração de negros da cidade.
O livro que na verdade trata do superego e a relação em que o impulsos libidinosos reprimidos limitam as possibilidade de prazer individual e social, trazendo junto a isso o isolamento voluntário evitando o “desagrado”, me traz reflexões sobre outros aspectos da sociedade.
E aí percebo que trocamos a liberdade por uma sociedade de bandidos soltos, isso mesmo, a sociedade dos bandidos soltos é aquela que lincha suspeitos de assalto (mas tem que ser negro ou no mínimo pobre), tira self com bandido rico no aeroporto, que ampara através da conjuntura jurídica, elitista e conservadora aquele indivíduo que sonega, que se apropria, que desvia dinheiro público, e esse bandido que raramente aparece nas páginas policiais está no topo da cadeia da construção do caos sociais que vivemos atualmente, fazendo com que as janelas que criamos pra contemplar o mundo logo fossem substituídas por grades de solidão e desespero.
Mas porque assim? O homem é ruim e ganancioso por natureza? Temos alguns neurônios chamados de “espelhos” que nos trazem a percepção visual, um tipo de simulação interna dos atos dos outros, por exemplo, numa propagando de fraudas, as mães não podem ter bebês tão bonitos como aqueles da publicidade mas podem ter as fraudas que eles usam. Parece que entramos na rota da desilusão natural e o melhor que podemos fazer é ser a sombra do impossível, e talvez por isso construimos condomínios cada vez mas fechados em busca da liberdade que não estará lá e muito menos nas ruas, ou, compulsivamente corremos atrás do celular novo, a ultima geração feita por uma fábrica que sempre te trará algo que você ainda não tem, como uma condenação do Sísifo moderno e binário.
Liberdade significa o direito de agir segundo sua própria escolha, de acordo com sua própria vontade, desde que não prejudique outra pessoa. Estaríamos nós preparados pra sermos livres sem aprisionar o outro em grades, dogmas, preconceitos e ganância? a liberdade é um conceito utópico? ela pode ser obrigatória, permitida, imposta (com ou sem fiança) através de leis? O que temos de mais “afirmativo” sobre o livre arbítrio vem de um livro que diz que TUDO ja está determinado, contradição seria um Deus no playground que diz: Como você chegou tarde tomei a liberdade de falar por você? Temos muito mais perguntas que resposta né mesmo? rsss
Outro dia fui pagar 2 contas de luz numa casa lotérica, lotada.
A missão suicida demorou tempo suficiente para olhar os rostos das pessoas e quem sabe imaginar o desencanto de cada uma e perguntar para mim mesmo até quando vamos ficar aqui? e como foi que chegamos até aqui? e pagando para ser escravo? Trocando a felicidade por um punhado de segurança.
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