ADELINA, A CHARUTEIRA




Adelina nasceu em São Luís do Maranhão, por volta do século XIX, era escravizada assim como sua mãe, que era conhecida como “Boca da Noite”. Seu pai era um rico senhor e sendo filha dele recebeu a promessa de ser liberta ao fazer 17 anos, promessa que não foi cumprida e Adelina continuou sendo escrava de seu próprio pai.
Apesar de ser escrava ela sabia ler e escrever, o que era incomum.
O pai dela empobreceu e passou a fabricar charutos e a partir daí Adelina passou a ser a encarregada das vendas. Duas vezes ao dia ela ia para a cidade e passava de bar em bar vendendo charutos, além de vender avulso para quem passava. Os estudantes do Liceu eram seus clientes e por isso ela sempre passava no Largo do Carmo e assistia comícios abolicionistas promovidos pelos estudantes. A partir daí, ela passou a ser frequentadora assídua de manifestações em prol da abolição da escravatura.
O conhecimento de Adelina sobre a cidade, sua facilidade de transitar por ela e sua rede de relações conquistadas através da venda de charutos foi um trunfo para a luta abolicionista. Afinal, isso possibilitava que ativistas antecipassem ações da polícia, com a ajuda das informações que ela coletava e o seu conhecimento da cidade, e também que articulassem mais facilmente fugas de escravos. Adelina se envolveu diretamente em algumas fugas, entre elas, a da Esperança, que fugiu para o Ceará.
Adelina é um nome pouco conhecido, mas ela não deixa de ser notável por isso. Ela é mais uma mulher negra que lutou contra a escravidão e que teve seu nome invisibilizado na história por causa do sexismo e do racismo.


Fonte: Dicionário das Mulheres do Brasil - de 1500 até a atualidade, biográfico e ilustrado. Organizado por Schuma Schumaher e rico Vital Brazil

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

E VAI COMEÇAR A TEMPORADA DE CAÇA AOS POBRES

CARTUNISTA DA PARAÍBA HOMENAGEIA “PROCURANDO A MÃE” COM BETO EHONG E EMANUELE PAZ